Sobre a necessidade de suportar os dias ruins

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Foto: Reprodução

    Vivemos tempos difíceis onde o isolamento social é a forma mais eficaz de nos manter seguros de um inimigo invisível. Se antes nos sentíamos bem reunindo os amigos, tomando uma cerveja gelada na mesa do bar e saindo aos finais de semana, agora precisamos buscar maneiras de nos satisfazer em nós mesmos, sem a presença do outro. Por isso, agora mais do que nunca, é normal sentir-se triste, angustiado e preocupado.

    E você não precisa se envergonhar ou se culpar por isso!

    Estamos vivenciando uma pandemia que está impactando em diversos setores de nossas vidas, não temos condições de nos sentir bem e felizes o tempo inteiro. É compreensível chorar, se irritar, dormir um pouco mais, perder o sono as vezes, comer demais, não querer comer, se ocupar com mil tarefas, procrastinar, querer conversar ou simplesmente silenciar. A realidade de antes sempre foi uma montanha russa de emoções e não mudou muita coisa, a diferença é que o afastamento social intensificou a vivência de determinadas emoções e suprimiu muitas válvulas de escape, nos obrigando a encontrar outros modos de amenizar tanto sofrimento.

    Nessa pandemia houveram perdas irreparáveis de pessoas, de rotinas, atividades, de partes de nós levando a um intenso e inevitável processo de luto. O cenário é de incertezas, com mudanças diárias que nos tiram qualquer possibilidade ilusória de controle sobre as coisas e aquela agradável sensação de conforto e estabilidade. Nesse confinamento é possível perceber que o único controle que possuímos é sobre o nosso próprio comportamento, é criando e recriando rotinas que tentamos nos encaixar nesse novo mundo para lidar de modo menos sofrido com as situações que se apresentam e gerenciar as emoções que são invocadas.

    Por isso não é o momento de reprimir as emoções ou se envergonhar de senti-las. São dias ruins que convocam pensamentos e sentimentos desconfortáveis. Portanto, tudo bem desligar a televisão, se desconectar das redes sociais e buscar formas de se conectar consigo mesmo, seja fazendo uma atividade agradável como dançar, cantar, ler, escrever, meditar, cozinhar, conversar com amigos por áudio ou vídeo chamada ou simplesmente tirar um tempo para não fazer nada. É o momento de vivenciar as questões que nos atravessam sem esquecer que um dia tudo isso vai passar.

    Vale lembrar que se o sofrimento for intenso e nenhuma atividade estiver suprindo tal desconforto, o ideal é buscar ajuda profissional. Os psicólogos continuam prestando atendimento online apesar da pandemia. Você não precisa passar por isso sozinho.


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