Todos os dias ela olhava o céu pela janela do quarto e imaginava coisas. Imaginava como seria se saísse daquela cidade, imaginava uma vida longe dali, longe da proteção dos pais. Mesmo tendo tudo, ela sentia que não tinha nada, ela tinha aquela vontade louca de viver em algum lugar, aquela vontade louca de sonhar, de partir e não voltar.

 Ela sonhava em conhecer Paris, encontrar um amor e viver uma história legal, sonhava com  o mundo que a esperava longe dali, e não conseguia mais só sonhar, ela queria viver. Achava que estava perdendo seu tempo apenas olhando para aquele céu azul, na verdade tudo aquilo não passava de uma grande perca de tempo. Então agiu, juntou as roupas e fugiu. Imprudente, ela não pensou, apenas agiu. Queria sua vida, queria algo que não sabia, mas ela queria viver longe dali. Pegou o ônibus e desapareceu, não deixou recado para os pais, apenas se foi, e nunca mais voltou.

Conheceu um amor de estrada, um cara perdido com um carro azul, ele tinha um cigarro na mão, um cabelo comprido e um sorriso bandido, parecia um erro para ser seguido, mas ela não dissera não. Tiveram uma história de amor, não fora do jeito que imaginou, mas fora legal. Não realizou metade dos sonhos que tinha ao fugir de casa, não realizou praticamente nada do que sonhava. Agora ela tinha 29 anos, uma tatuagem no braço meio bizarra, um vicio em nicotina que não largava e um cara bêbado que não a amava. Seu olhar estava vago na janela do quarto, o céu continuava azul e ela ainda sonhava. Ainda tinha o sonho de conhecer Paris, viver uma história de amor legal, mas tudo que ela mais desejava era poder voltar no tempo e ter paciência para começar a viver e continuar a sonhar...